O FUNDADOR

O FUNDADOR

Pe. Ermanno Capettini, osj

No ano de 1946, com um ano de atraso por causa dos eventos bélicos, concluía-se em Asti,  o 1º Centenário do nascimento e o 50º ano da morte do Fundador dos Oblatos de São José, Dom José Marello.
Escolhemos, do número único impresso naquela circunstância, o seguinte artigo do Pe. Ermanno Capettini, que então era Diretor do Michelerio e, também, do Joseph. Nós o fazemos nosso, substituindo somente as datas de então com aquelas das celebrações de hoje: “Há 150 anos do nascimento, há 100 anos da morte...”.
Parece-nos, de fato, que o escrito de Pe. Capettini seja fresco e válido também para o Ano Marelliano, que começa em 26 de setembro deste ano de 1994.

Há 150 anos do nascimento, e há 100 anos da morte, Dom José Marello apresenta-se como figura histórica adjudicada à imortalidade dos homens grandes.
Esta glória reflete-se sobre a obra maior do Marello, a Congregação dos Oblatos de São José, na qual revive a santidade e o apostolado do Fundador. Conhecer a Congregação é compreender melhor e admirar mais Dom José Marello.
 A instituição progrediu segundo as leis dinâmicas dos organismos vivos: evoluiu, renovou-se, adaptou-se às exigências do tempo e do ambiente, mas soube conservar no seu conjunto a fisionomia específica e o espírito informativo impressos pelo Fundador. Logo, teve que superar aquelas fases históricas que na vida fisiológica são definidas como crises de idade: mudanças acidentais e não transformações substanciais. Mas qual outra Instituição semelhante, qual outra Ordem e Congregação religiosa, mesmo entre as mais ilustres, não teve os seus períodos de ajuste? Depois da promulgação do Código de Direito Canônico todas as Constituições de todas as Ordens e Congregações foram revistas e atualizadas. A uniformidade às diretrizes da Santa Sé talvez suprimiu a singular  personalidade das várias Instituições? Muito pelo contrário.
 A finalidade e a estrutura orgânica da Obra do Marello não foram alteradas nem durante a vida do Fundador nem depois da sua morte. O único fato novo que parece tenha quebrado esta essencial identidade, teria sido a profissão de três votos religiosos que se introduziu na Congregação alguns anos depois da morte do Servo de Deus. Mas também aqui trata-se somente de forma. Nos documentos referentes à fundação, e melhor ainda na práxis da Congregação, autorizada e controlada pelo mesmo Marello, aparece inequivocável que os conselhos evangélicos tinham uma real e, antes, rigorosa observância.
 O sistema de apostolado praticado pelo Marello e transmitido aos seus Josefinos resume-se assim: trabalhar em todos os modos, sacrificar-se pela causa santa de Deus e das almas, e, depois, deixar aos outros – por quanto a justiça e a caridade o permitam – a honra do sucesso; colocar-se preferivelmente atrás ou ao lado dos outros para ser capaz de prestar maior ajuda e permanecer ignorados ou descuidados.
 A primeira vez que o Marello tentou concretizar a idealizada Obra, em 1872, escreveu ao Cônego João Cerruti, Diretor do Pio Instituto Michelerio: “V.S. Ven.ma recolha a mim e a alguns meus amigos em um mesmo espírito de união sob o patrocínio de São José a servir os interesses de Jesus na nova sua Igreja”. O Marello não pedia somente hospitalidade, mas desejava sinceramente que o Cerruti assumisse a direção da Companhia de São José. Os amigos nos quais confiava, decepcionaram-no no momento conclusivo.
 Depois de cinco anos de espera, de penosas titubeações, impelido pela certeza da vontade divina, pelos incitamentos do Bispo Dom Sávio, decidiu fazer por si. Buscou vocações, vieram os primeiros discípulos, quatro jovens, o primeiro nome da lista era Jorge Médico, de 23 anos, saído do seminário por saúde ruim. Tinha crido que para a Companhia bastasse “com uma fácil solidariedade entre todos os seus membros, de suscitar cada melhor ocasião e buscar os vários modos com os quais na imensa gradação das capacidades diversas possa haver a cooperação de todos”. Erro de cálculo que cometem os Santos quando avaliam a si mesmos. Tinha esperado de encontrar-se companheiro entre companheiros, soldado entre soldados, ao invés devia ser Pai e Superior. Mas soube comportar-se com tanta virtuosa destreza que só os íntimos sabiam que o Marello era Fundador.
 A segunda vez que bateu à porta do Michelerio, foi recebido (1878). Por que esta predileção? O Michelerio cobria a Companhia, os órfãos cobriam os Fradinhos, o Cônego Cerruti cobria Pe. Marello: condição vantajosíssima à humildade do Servo de Deus e aos interesses do Penitenciário. O qual logo dela se aproveitou, talvez até demais, para fins de bem, entende-se: “ O bom Cônego (Cerruti), atesta Pe. João Cortona, persuadira-se e convencera-se que os Fradinhos fossem unicamente instituídos para o desenvolvimento da chamda Obra ‘Michelerio’. O santo Fundador deixava fazer e dizer, contente somente que os seus caros Irmãos avançassem com ardor generoso no caminho da perfeição e realizassem um pouco de bem  para o próximo”.
 Uma heróica paixão pelo escondimento foi a característica da santidade do Marello. Regra absoluta – sem exceções – da sua conduta: a retidão de intenção, firmeza de vontade e nenhuma ambição ou vã complacência. A imitação de São José traduzia-a em operosidade e silêncio. Esta virtude do escondimento era porém tomada no sentido positivo; não restrição de atividades, nem abandono arbitrário de situações em vista. Para estar escondidos neste mundo é suficiente não exibir-se, não solicitar louvores, não alardear o próprio nome sobre as praças da publicidade; há em toda a parte gente que vos passará na frente e acima, e vós permanecereis escondidos. Pregar-se ao dever, não poupar sacrifícios, e o que sobrar, quem quiser o tome. Muito simples, um pouco difícil.
 Olhando-o bem, o espírito de apostolado do Marello e da sua Congregação é afim ao espírito missionário. Iniciar movimentos, normalizar anomalias, ligar transições e, depois, ir embora ou colocar-se atrás. O mandato do Fundador aos seus filhos foi de ajudar os párocos aos sinais dos bispos. Na vida, sabe-se, uma coisa hoje é necessária e amanhã é supérflua: graças a Deus e ao seu Fundador, os Josefinos possuem muita liberdade de movimento. A estatística da Congregação é uma bela documentação do espírito heróico – este adjetivo, nós ouvimos a sua aplicação por parte de um excelente Padre Jesuíta – que o Servo de Deus soube-lhe infundir.
 Em uma carta de 7 de abril de 1891, o nosso Fundador, em um transporte de ternura paterna, definia os seus diletíssimos Oblatos de São José com um apelido que é uma apologia : sacerdotes menores. A inspiração de São Francisco de Assis de 4 de outubro de 1877, tornou-se impulso capital da Congregação, e, por isto, exclamava com puríssima alegria: Pobres Josefinos! Não sois nada e não tendes nenhuma daquelas que se dizem posições  para o futuro, e, todavia, o Senhor se serve também de vós para o bem das almas.
 A voz do Fundador ressoe para conforto e a exortação no coração de cada Josefino. Hoje e sempre.

Tradução Pe. Denis Oldack Paixão e Silva, osj

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