A segunda metade do 1800, é caracterizada na Itália, por não poucos acontecimentos e situações de destaque, quer no civil quer religioso. No campo civil, o destaque é para o “ Risorgimento”, com as suas lutas pela unidade da nação, que culminaram com a proclamação do Reino da Itália em 1861, e depois na tomada de Roma em 1870, seguida pelos governos da direita histórica e depois da esquerda. Prevaleceu, neste contexto unitário e pós- unitário, o elemento laicista e anticlerical, e por isso não demoraram as leis de supressão e confisco dos conventos e dos Benefícios eclesiásticos; eliminou-se nas escolas a presença do sacerdote e por conseguinte o ensino religioso;começou o governo a negar ou a conceder em tempos longos o “Exequatur Régio” para as nomeações eclesiásticas, foram tomadas as Obras Pias , e houve tentativa de introduzir o divórcio. Neste contexto todo, se acenderam lutas sociais quentes.No campo religioso, podem ser lembrados estes fatos de destaque: a celebração do Concílio Vaticano Primeiro com a proclamação da infalibilidade do Romano Pontífice, e a sucessiva exaltação de S. José como Padroeira da Igreja Universal; o surgir de novas Associações em defesa dos interesses católicos ou interesses de Jesus, enquanto as antigas Confrarias decaiam, de forma especial a Obra dos Congressos; a fundação de Congregações Religiosas com um espírito peculiar apostólico; um novo empenho pela boa imprensa, a catequese, as obras assistenciais. Além disso tem também a “ Questão Romana” com a conseqüência, para os católicos, do “ Non Expedit” nas eleições políticas e a vivaz presença ao contrário, nas eleições administrativas municipais É neste contexto e nestas situações rapidamente apresentadas, que S. José Marello foi chamado pela Providência a viver a sua breve mas intensa vida. O seguiremos nesta caminhada, procurando captar o significado e o valor de sua presença. Vê-lo agir e se movimentar no seu tempo, poderá quem sabe, sob certos aspectos, ser até uma alegre descoberta.
1) Marello no clima político do seu tempo.
Já acenamos, quando falamos do Marello na sua vida de todos os dias,sobre um esquisso juvenil no livro da Missa, que retrata os heróis do momento: Vitório Emanuel II e Giuseppe Garibaldi, os amigos-inimigos, principais artífices, juntamente com Cavour da unidade italiana. Um caderno escolar nos deixou também os seguintes versos, quentes e apaixonados para com a Pátria e dedicados ao amigo Vitório Pescarmona:
Por que em lutuoso e fúnebre manto
São na Itália os teus filhos e qual funesta
Causa os obriga a chorar assim
Por que escondes nas mãos a triste
Fronte e não pares de chorar?
Sentiu piedade da vossa dor perene
O generoso rei de Sardenha
Pega na espada e a fazer justiça ele vem
De vossa escravidão injusta e indigna.
É ainda um outro caderno, numa anotação em seguida apagada, a mostra-nos que o amor pátrio do nosso, está se voltando para a política. Não sem uma certa bazófia José escreve:” Não se tratará dos negócios da Itália se não se imiscuir o sábio José Marello”No entanto passa um ano e o Marello, também por insistência paterna, “ atravessa o Rubicão”, deixa o seminário e em Turim se dedica aos estudos comerciais. Na escola, a cabeça, enche-se de “ ideais políticos”: ficou fascinado pelo novo sistema de economia política. Para realiza-lo sonha com o jornalismo, e a tribuna popular, mas logo se encaminha nas amizades políticas e participa de congressos. A mão de Deus, todavia intervém, conduzindo-o primeiramente às portas da eternidade, em seguida trazendo-o de volta, entre os muros do Santuário.( Carta n 9) Desde então, devagar , a sua política torna-se como para Don Bosco, a política do Pai Nosso e os seus projetos sociais orientam-se mais na direção do Cottolengo, que para os políticos. Disse devagar , pois ainda em 1867 numa carta ao amigo Estevão Delaude, dispara numa tacada não muito evangélica contra Urbano Rattazzi e companhia, que naqueles dias estavam para editar a lei do confisco dos Bens Eclesiásticos: “ Coitados de nós,- escreve- a política vai de mal a pior. Infelizmente se desenvolvem em toda sua nojenta nudez as pérfidas cobiças do Alexandrino (Rattazzi, nascido em Alessandria em 1808). Ó homens oportunistas,chegará o dia terrível em que será oportuno que as vossas carcaças as carregue o diabo. Deus não paga o sábado!”(carta 11)Será um profundo convívio com o inteligente e equilibrado Bispo de Asti, Dom Carlos Sávio a orientar o Marello em política eclesiástica, numa linha firme nos princípios, mas prudentemente atenta, e aberta às situações concretas de homens e coisas. Bispo e Secretário são bem caracterizados no fato seguinte: veio um dia em visita à cidade o rei Vitório Emanuel II. Dom Sávio, a diferença do retraído Vigário Sossi, foi encontra-lo com o secretário Marello, até porque em Turim tinha trabalhado na corte sabauda. O jovem secretário ficou maravilhado em ver o rei beijar a mão do Bispo. O rei apercebeu-se e disse jocosamente:” Este padrezinho ficou maravilhado porque beijei a sua mão, mas eu aceito o Creio, é só no campo moral que sou um pouco claudicante”
Acerca do argumento político, lembramos ainda dois fatos que já pertencem á vida episcopal do Marello. Pe. Henrique Carandino testemunha que durante sua breve estadia na casa do pai
2) O Marello e o Concílio Vaticano I
O patrocínio de São José
Deixando de fazer o histórico daquele grande acontecimento eclesial que foi o Concílio Vaticano I ,com certeza bem conhecido por todos, relembrarei apenas o que foi sublinhado também nos Processos de Beatificação do Ven como o Bispo de Asti não levou consigo em Roma algum conselheiro teólogo, seja porque era te´logo ele mesmo, e já Professor de Teologia na faculdade de Turim, seja porque sabia de ter colaboração válida neste campo pelo preparadíssimo seu secretário, que quis consigo em Roma, por todo o tempo da assembléia ecumênica. É verdade que em “Igreja e Sociedade na segunda metade do século no Piemonte” a cura de Felipe Natal Appendino, a pág 169-170, se lê que no Concílio entre os Bispos Piemonteses “brilharam pelo seu silêncio Sávio de Asti, Biale de Albenga,Fórmica de Cuneo e Negri de Tortona”, todavia precisa lembrar que Sávio era já além dos sessenta anos, e já com vários problemas de saúde, é de se pensar que por causa da inflação dos discursos, sobretudo sobre o argumento da Infalibilidade, o Bispo de Asti, tenha achado mais certo exprimir-se com o voto no momento oportuno. Quanto à definição dogmática da Infalibilidade do Romano Pontífice ´sabido que que Dom Sávio di 18 Julho 1870, diversamente dos outros Bispos Piemonteses, votou a favor; tinha já aderido ao pedido ao pedido da definição desde 15 de fevereiro e em seguida com outros Padres, pediu por fim a esta discussão, que estava indo longe demais, seja porque os argumentos eram já bastantes conhecidos,, seja porque em Roma, naqueles dias tinha um calor africano.(Cf Carta 63 )A alegria dos Padres Conciliares e de toda a cristandade pela definição da infalibilidade a sentimos vibrar também no coração do Marello, inteira e muito viva. No mesmo dia escreve ao amigo Pe. Estevão Delaude :” Roma, dia da Proclamação do Papa infalível! Posso eu deixar passar este dia histórico sem escrever duas palavras ao menos aos amigos mais caros? O eco dos sentimentos que se sucederam no meu coração, não duvido propagou-se com certeza, ns fibras mais íntimas do teu coração.Certo para um fiel, não existe maior alegria do que esta que nos mandou o Senhor -no momento em que vinha coroado o Sumo Pontífice e lhe era assegurada aquela prerrogativa da qual talvez devam depender os mais vitais interesses da Igreja.Ah, sabemos por fé que tudo é providencial aqui na terra, e esta fé é a vitória que vence o mundo.Poderíamos duvidar que não fosse necessária esta suprema lei do Magistério infalível dos sucessores de Pedro nestes tempos? Este foi objeto um dia dos nossos assuntos- e eis agora que o ES elevou a crença universal aquilo que por cálculo muito humano podia ser contrariado por muitos. O desejo do coração harmonizava então, era em sintonia com uma necessidade do espírito. Quanto mais os tristes sentem um movimento de independência que os leva a romper todo jugo de autoridade,da mesma forma o cristão sente a tendência a subjugar a mente ao princípio da autoridade. É uma compensação tornada necessária pelos acontecimentos de reforçar entre os bons o vínculo de união na medida que vai relaxando entre os maus.Agradeçamos a Deus Bendito que na sua infinita misericórdia, nos envia sempre novos meios de salvação e nesta ocasião de forma particular agradeçamos que tenha dado ao mundo uma nova âncora de salvação para salvar-nos do iminente naufrágio...”(Carta 64)Se no dia 18 de Julho de 1870, a alegria inundou o coração do Marello, não menor foi o júbilo de sua alma, por dois outros acontecimentos vividos nos primeiros meses do Concílio. Tratava-se antes de mais nada da Audiência particular com Pio IX no dia de Natal de 1869.Leiam-se a este respeito as frases comovidas que saem dele na carta 60 a Pe. José Riccio e na carta 61 ao seu pai..O outro acontecimento feliz diz respeito às petições apresentadas no Concílio por 38 Cardeais, 153 Bispos, 43 Superiores Gerais, com as quais se pedia que S. José fosse proclamado Padroeiro da Igreja Universal.,fato que aconteceu mesmo mas quando o concílio já tinha sido suspendido por causa dos acontecimentos de Porta Pia, quando em 8 de dezembro de 1870, foi emanado o “Decreto “Quemadmodum Deus”.Eis como o Marello escreve sobre isto ao amigo Pe. Riccio” Querido irmão em S. José , na antivigília do nosso Santo Padroeiro,( ambos chamavam-se José) e ns momentos em que a devoção ao chefe da Sagrada Família está para alcançar o seu mais alto desenvolvimento, através da petição feitas pelas cristandade aos Padres do Vaticano Concílio, eu não posso agüentar-me de escrever duas palavras àquele que entre os tantos Confrades homônimos é certamente o mais perto do meu coração.”Após ter feito menção de algumas comissões, feitas ou para serem feitas,, continua:” rezemos então, os dois jUntos, de acordo no dia do nosso grande Patriarca para que exaltando-o nós desde já nos nossos corações, nos tornemos dignos de vê-lo exaltado logo mi por toda a Cristandade com o título que está sendo preparado para ele de Padroeiro da Igreja Universal”. (Carta 62)
O que mais influenciou o Marello no seu amor apaixonado para com o Esposo castíssimo de Maria e Pai nutricio de Jesus, foi este clima josefino respirado em Roma durante o Vaticano I. Toda a sua vida interior todo o seu apostolado, todas as suas Obras, trarão disso inspiração e levarão sua marca indelével e bendita.É o que afirma também Pe. Ângelo Rainero quando escreve:” Se antes da proclamação de S. José a Padroeiro da Igreja universal, o Marello já era muito devoto, sua devoção cresceu e muito, depois deste acontecimento solene, que por um lado justificava sua particular devoção a este grande santo, e por outro lado empenhava o Santo mesmo a mostrar ainda mais a sua bondade e poder de intercessão para com todos os cristãos, e de forma especial para com aqueles que lhe eram mais especialmente devotos” (Joseph 3/1979)
3) Marello Fundador. Características e sua fundação
Quando em dia de 14 de março de 1878 Pe. José Marello, então secretário do Bispo de Asti, deu vida à Congregação religiosa dos Oblatos de S. José, pode-se dizer que na diocese Astense, os Religiosos tinham desaparecidos.. É bem verdade que ainda tinham em Asti, os Barnabitas, na paróquia de S. Martino, e dois Menores Observantes, na Paróquia de S. Catarina na Torre Vermelha, mas estavam aí em razão do cuidado paroquial, quase como Párocos seculares. Se pensarmos que nos inícios do 1800 em Asti existiam 40 entre Mosteiros e Conventos, pode-se perceber qual foi a devastação da Vida religiosa acontecida na Diocese de Asti; e isto para não falar que só de Asti antes das leis napoleônicas, e depois daquelas dos Estados sardos e do novo reino da Itália Esta situação deve ser sublinhada para compreender bem o alcance da fundação marelliana. De fato a intenção inicial do Marello na sua fundação, foi com certeza de ressuscitar na Diocese seguidores dos Conselhos Evangélicos, ainda que sem votos, que ele tinha como indispensáveis à vida e à santidade da Igreja em todos os tempos. A carta do 4 Outubro 1877 é bem clara a este respeito. ( Carta 94) Temos que pôr em evidência na fundação uma outra conotação especial e significativa, colocada em ação pelo Marello. Ele quis não só despertar vocações religiosas, mas quis facilita-las ao máximo, abrindo as portas da VR às categorias mais humildes de pessoas, como lavradores, operários, seja jovens como pessoas maduras, desde que animados de reta intenção A idéia da Congregação, o Marello a cultivava na mente e no coração, já fazia uns anos. Ele colocou a idéia ao exame de homens eminentes por santidade sabedoria, como Anglesio, superior da Pequena Casa em Turim, Padre Felix Carpignano, superior da Congregação do Oratório, e pároco de S. Felipe, ele também de Turim, os quais aprovaram. Para o Anglesio o Marello até pensou de pedir um dos seus filhos de S. Vicente, para que fosse pedra fundamental do novo Instituto. Anglesio sabiamente respondeu que o homem pedido não tinha, mas mesmo ele o tivesse não o teria cedido, por que cada Instituto devia ser animado por um espírito Próprio, e este pode infundi-lo somente aquele que o senhor escolheu para esta finalidade.Também o Bispo Sávio seguia com interesse o projeto do seu secretário. O fez refletir e rezar bastante, e por fim lhe de o seu consentimento.. No Sato da fundação o projeto tinha ficado mas claro, mesmo não tendo ainda todos aqueles caracteres que a Providência, por umas causas secundas,tinha reservado de indicar em um segundomomento, e que serão percebidos humildemente pelo Fundador, sempre depois de muitas orações e maduro conselho.Assim desde a fundação para o Marello foi claro, e nem teve dúvidas neste assunto,que seus religiosos, seguindo os Conselhos Evangélicos, deviam se inspirar em S. José , modelo sublime de homem inteiramente consagrado ao Senhor, numa vida escondida, pobre, laboriosa orante, plena de confiança na sua proteção e empenhados por sua vez em faze-lo conhecer e amar.Por isso os chamou de “ Oblatos de S. José” ou mais simplesmente “Irmãos de S. José´”pois na época eram todos simplesmente Irmãos leigos. Chamou outrossim a casa deles de “Casa de S.José”, e sabemos que ela não foi assim pelo nome só,pois se assemelhava àquela do humilde carpinteiro de Nazaré:tinha só um quarto alugado do Instituto Michelerio, dividido em duas partes por um biombo, servindo uma parte para receber as pessoas de fora, a outra para uso pessoal; o trabalho se desenvolvia fora, nos laboratórios do Instituto. Única riqueza: uma imagem de S. José pendurada na parede, sem moldura..As causas segundas, ou as vias da providência, como já se falou, foram antes de mais nada o Bispo Dom Sávio, que pediu ao Marello de endereçar os Oblatos em ajuda aos párocos para catequese, As escolas e os vários serviços do culto; depois, juntamente com Pe. Cortona, que pediu, já padre, de ingressar entre os Oblatos;Mons. Bertagna , vigário geral da Diocese, que apoiou com seu prestígio o pedido de alguns Irmãos de iniciar os estudos para o sacerdócio ( costumava dizer com benevolência, que a Congregação teria se tornado não somente uma Capela mas uma Catedral); e enfim Dom Ronco, que consentiu à Congregação de ter sacerdotes, destinados eles também em ajuda ao escasso clero da Diocese.Tudo isto o Marello interpretou como positiva indicação da vontade divina,que queria seus Oblatos também no campo do apostolado ministerial, para curar como S. José os interesses de Jesus,com um olhar especial para a juventude e para os pobres.A esta altura, no ano de 1883, a Congregação estava esboçada, mesmo somente em grandes linhas, na sua finalidade e espírito. Os Oblatos não tinham ainda uma Regra escrita, mas tinham uma Regra viva, transmitida a eles com a palavra e o ensinamento do Fundador. A partir do 1892 terão também uma inicial Regra escrita.Resta a dizer que o Marello amou sempre e intensamente a Congregação, esta sua criatura, Para ela deu toda sua inteligência todo o seu coração, e todos seus haveres. Num momento difícil em que se tentava acabar com a finalidade absorvendo-a na Obra do Cotolengo, defendeu suas características, sua autonomia, a vida, como autêntico dom feito pelo ES à Igreja. Chegou enfim, a oferecer por ela a sua jovem vida, o que nenhum dos seus filhos jamais poderá esquecer!
4) Presença de São José Marello na Ação Católica e social do seu tempo.
Sobrevoando no bom impulso que o Marello jovem sacerdote de seu tempo soube dar à boa imprensa, aos grupos juvenis, à catequese, num ambiente até amarrado ao Statu quo, enquanto na grande massa social tudo estava esquentando, e enviando para isso às cartas muito significativas do seu primeiro período sacerdotal, será oportuno aprofundar um pouco algumas sucessivas iniciativas e presenças a quem até hoje não se deu o devido realce.A primeira iniciativa a ser lembrada e avaliada é aquela do 1872, quando o Marello, apoiando-se ao diretor do Michelerio Com. Cerruti e a alguns benfeitores, procurou dar vida a uma Companhia de S. José, na de religiosos, mas de toda categoria de pessoas, para cuidar dos interesses de Jesus (Carta 76) Se disse: procurou, porque como refere Pe. Gallo no seu livro “Asti e seus conventos” , a pág 178,naquela circunstância não se conseguiu ir além de uma tentativa. O ter, todavia, tentado de movimentar algo, bem lá, onde como já dito, ninguém se mexia, não captando os novos e sérios imperativos do momento, depõe mesmo a favor do Marello, por sua sensibilidade e coragem apresentadas..Se depois examinarmos bem de perto os conteúdos daquele projeto da Ação Católica, descobrindo os valores permanentes nela incluídos, então a avaliação positiva se transforma em estupor, perante a beleza daquele programa, que partindo de S. José, como modelo de total dedicação aos interesses de Jesus, entendia valorizar com a união fraterna, as mil ocasiões e possibilidades de bem que existem em um ambiente confiando plenamente na ajuda sobrenatural e num estilo de obediência.Se a Companhia do 1872 não teve sucesso, a Congregação dos Oblatos de S. José, que o Marello fundou em Asti em 1878, prosperou com raízes bem saldas, fazendo um grande bem sobretudo na catequese, na juventude, na escola e no social. È sobretudo através de sua Congregação que o Marello marcou o seu tempo e chegou a influenciar providencialmente também sobre os novos tempos. Toda a história da Congregação está ali para demonstrar isto. Sobre este ponto não é necessário alongar-se mais: basta só ter acenado Queremos melhor lembrar alguns fatos e circunstâncias, orientações que se referem ao Marello como Bispo de Acqui. Em 1889, de 24 a 26 de setembro, não tendo possibilidades de ele pessoalmente intervir porque tinha o compromisso nos Exercícios Espirituais com os seus sacerdotes, quis ser representado pelo Pe. Adeodato da Cruz carmelita, ao I Congresso catequético Nacional de Piacenza, promovido por Dom Scalabrini.Foi naquele Congresso que se colocaram as premissas para um Catecismo único, que depois levou ao Catecismo de S. Pio X. Presente no Congresso era também o discípulo e amigo caríssimo do Marello, Pe. José Gamba depois Cardeal de Turim, que levou sua válida contribuição de inteligência e de Experiência.Deve ser também lembrada a participação do Marello do 4 de Outubro 1892, ao X Congresso Nacional Católico Italiano de Genova organizado pela Obra dos Congressos, presentes os maiores representantes da vida católica italiana, entre eles Dom Tiago Radini Tedeschi, o advogado G.B Paganuzzi, O advogado José Tovini, e o Prof Nicoló Rezzara.Poderão agora interessar as diretivas da Ação católica e social exaradas em Vercelli pelos Bispos do Piemonte, Dom Marello incluído, na já citada carta coletiva do 14 de junho 1893.4 convites fazem os Bispos aos seus sacerdotes: o primeiro é um convite à ação social, o segundo é convite a instituir escolas livres, no terceiro exortam a promover o catecismo entre os jovens, e por fim pedem de promover os Oratórios festivos.Eis ao menos em parte, estes textos:“ O espírito do Clero católico, não pode ser tal de fechar-se na sacristia; é o Espírito do Evangelho que se espalhou em todas as instituições religiosas e civis, e todas enobrecendo-as.. Não, o sacerdócio católico não é feito para povoar as sacristias,mas para salvar o mundo, a sociedade, a civilização dos povos”Fazemos um apelo acalorado aos párocos e aos católicos de fé íntegra, para que segundo as forças e as circunstâncias procurem instituir escolas livres onde a palavra viva dos professores e professoras, sinceramente católicos, e a escolha dos livros de texto possam assegurar á turma,um endereçamento religioso.”“O ensino da doutrina Cristã, por sua natureza importantíssimo, requer nos nossos tempos, que seja redobrado o zelo para ser ensinado, sobretudo aos jovens.As crianças abrem a mente à malícia e ao pecado antes do conhecimento de deus e da virtude..O ambiente em que vivem. Em linha geral é podre, e sem se aperceber crescem no espírito de indiferença,quando não totalmente contrário à religião. Precisa mexer-se,trabalhar, e fazer com que o catecismo penetre na família, e seja guia seguro para pequenos e grandes. Recomendemos calorosamente aos párocos, que empreendam todas as tentativas, para conseguir o melhor resultado a respeito. Se multipliquem os catecismos, e os catequistas,se distribuam segundo as forças, livros populares,aptos a instruir também os simples na religião;se organizem oratórios festivos, onde com atrativos próprios para a juventude, sejam recolhidos os jovens à escola da educação e instrução cristã.Sejam promovidos nas respectivas paróquias, a Companhia da doutrina cristã, tão apta para recolher o laicato ao redor do Pároco, e prestar-lhe ajuda boa no ensino religioso. As vantagens conseguidas por S. Carlos Borromeo por meio dos Oratórios festivos são incalculáveis, e até no presente, após 3 séculos são manifestas naquelas paróquias, onde os sacerdotes com caridade e abnegação prestam a obra deles”A respeito do Catecismo e da Educação da juventude,São José Marello se preocupou em enviar também duas das suas Pastorais aos Diocesanos, respectivamente para o Catecismo em dia 20 de janeiro 1894,e sobre a Instrução e Educação doméstica da juventude em 4 fevereiro 1892. As duas pastorais devem ser lidas pois são duas pequenas obras primas em matéria, que em nada perderam em seu valor, também hoje.Podemos concluir estas reflexões sobre a presença de S. Jo´se Marello na Ação Católica e Social de seu tempo com a estatítica trazida por Renato Lanzavecchia em”Obras dos Congressos e Movimento Social católico na Diocese de Acqui (1870-1904)” sobre a situação do movimento social católico na Diocese de Acqui em todo Abril 1894:” Na Diocese existem 12 sociedades católicas nas seguintes cidades a saber: Bergamasco, Cortiglione, Fontanile,Mombaruzzo, Melazzo,Orsara,Masone,Ovada,Rossiglione superior e inferior,Sassello, S. Pedro de Olba. Existem também: a Conferência de S. Vicente em Nizza Monferrato ,Ovada e Mombaruzzo; um oratório festivo masculino em Ovada; oratório feminino em Nizza Monferrato e Mombaruzzo; escolas católicas femininas particulares; vinte sociedades chamadas Conferências das Ursulinas, de instiuição diocesana). As obras católicas na cidade são: Conferência de S. Vicente; associação das Damas de Caridade, escola dominical de religião para a juventude estudantil; Oratório festivo masculino; dois Oratórios festivos femininos; um laboratório gratuito para adolescentes pobres e outro laboratório para adolescentes de condição melhor, ambos dirigidos por irmãs; duas escolas particulares femininas também dirigidas por irmãs”Depois deste relatório, o Lanzavecchia conclue: ”Algum passo tinha sido feito.Sobretudo tinha se advertido a urgência dos Oratórios, com a preocupação e o desejo apostólico de ajudar os jovens, aqueles mais necessitados e das camadas mais pobres, para serem formados como futuros cidadãos por meio de uma educação religiosa e moral. Também para as e escolas foi reservada grande preocupação pelo seu peculiar valor religioso e social, ainda mais necessário num período em que a s escolas públicas tinham- se tornado centros de ensino laical, quase sempre anticlerical e contra a fé”. É boa esta nota porque nos diz como o nosso Pai tenha conseguido continuar em Acqui aquela obra de alto valor humano, cristão, e social que tinha perseguido em Asti com a Obra de S. Chiara, que tanto favor e admiração lhe trouxe em toda a diocese e até além dela, chegando também ao a ouvido de Leão XIII, o Papa da Rerum Novarum.
Tradução Pe. Mário Guinzoni Marellianum nº 1 1992